Tenho de encontrar um vocabulário
preciso para cada um dos aspectos deste
quarto; mas o que irá faltar é
a palavra que te irá substituir, ou
o movimento do teu corpo
a caminho da janela, para a abrir,
deixando entrar, com o sol, a sombra
das árvores para dentro de casa.
A cadeira está ali, inútil,
agora que partiste; mas deixo-a
estar, para o dia em que regresses,
como se o passado fosse o dia
de amanhã, ou a tarde mantivesse
a tua presença, trazendo de volta
o vento que servia de fundo
à música da tua voz.
E fecho as cortinas, para
que a escuridão se faça, e
o perfume das flores se
confunda com o teu.
Nuno Júdice
in blog A a Z
2AGO2006