*O sol bate envergonhado na estreita fila de casas escondidas para lá da fachada do número 1 da Rua de São Víctor.
A resposta encontrou-anum panfleto afixado na Junta de freguesia do Bonfim, onde vive.
Chamava-se Habitar e prometia apoiar proprietários, inquilinos e profissionais a facilitar processos de recuperação, conseguindo habitação a preços justos.
E cumpriu.
A pré-candidatura ao Reabilitar para arrendar, do Instituto para Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) já foi aprovada. 2018 deverá ser o ano de ilha renovada.
Aitor Varea Oro, arquitecto espanhol, transportou o sonho do direito à habitação de Valência para o Porto. Assinou uma parceria com a Junta de Freguesia de Bonfim para se tornar o «arquitecto de família» daquela população e, um ano depois do arranque do projecto, perdeu a conta aos atendimentos.
Está a dar resposta a nove casos.
Em Março alargou a zona de intervenção à Junta de Campanhã.
E do projecto pessoal nascido da sua tese de doutoramento burilou um desígnio plural com a educadora social Liliana Pacheco que assume, ao lado dele, o papel de coordenadora.
E uma rede de gente disposta a fazer do Habitar Porto "um projecto de vida".
Para ele, "a arquitectura é uma acção colectiva" e a habitação não é uma questão exclusivamente técnica. Longe disso.
(...) vão descendo São Victor, a rua com mais ilhas do Porto, a caminho da propriedade de Fátima Castro.
São alguns dos voluntários do Habitar, rostos das "brigadas mistas" que no último meio ano têm percorrido o Porto a sentir-lhe o pulso, a identificar problemas e procurar soluções..
A inspiração surgiu do Processo SAAL, o projecto arquitectónico e político criado poucos meses de pois do 25 de Abril, sobre o qual o arquitecto espanhol se debruçou no seu doutoramento.
Um problema da cidade
No Bonfim ... são 2.000 casas devolutas.
Fátima Castro guarda religiosamente o caderno preto onde escreveu à mão um longo texto explicativo. Registou o que pensa a sonhar com uma ida à televisão ... falar de uma vida...portuense numa cidade em mudança.
Soluções?
* «E se o Porto inventasse um Obamacare em versão Habitar?» por Mariana Correia Pinto.
Sentada num banco à porta de uma das habitações da ilha, sorriso posto, Fátima Castro vai apresentando o espaço que conhece desde menina. Fez-se gente ali, lugar de amizades enraizadas, de "condomínios sem condomínios", e quando o pai morreu, há mais de 30 anos, tornou-se proprietária. Sem recursos, foi vendo as casas a degradarem-se. Os moradores a saírem. Agora, só três dos oito espaços preservam vida lá dentro. Fátima viveu anos entre a tristeza de ver o seu legado danificar-se e a convicção de não o vender.
"Isso nunca, um dia há-de ser dia"E foi mesmo.
A resposta encontrou-anum panfleto afixado na Junta de freguesia do Bonfim, onde vive.
Chamava-se Habitar e prometia apoiar proprietários, inquilinos e profissionais a facilitar processos de recuperação, conseguindo habitação a preços justos.
E cumpriu.
A pré-candidatura ao Reabilitar para arrendar, do Instituto para Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) já foi aprovada. 2018 deverá ser o ano de ilha renovada.
Aitor Varea Oro, arquitecto espanhol, transportou o sonho do direito à habitação de Valência para o Porto. Assinou uma parceria com a Junta de Freguesia de Bonfim para se tornar o «arquitecto de família» daquela população e, um ano depois do arranque do projecto, perdeu a conta aos atendimentos.
Está a dar resposta a nove casos.
Em Março alargou a zona de intervenção à Junta de Campanhã.
E do projecto pessoal nascido da sua tese de doutoramento burilou um desígnio plural com a educadora social Liliana Pacheco que assume, ao lado dele, o papel de coordenadora.
E uma rede de gente disposta a fazer do Habitar Porto "um projecto de vida".
Para ele, "a arquitectura é uma acção colectiva" e a habitação não é uma questão exclusivamente técnica. Longe disso.
(...) vão descendo São Victor, a rua com mais ilhas do Porto, a caminho da propriedade de Fátima Castro.
São alguns dos voluntários do Habitar, rostos das "brigadas mistas" que no último meio ano têm percorrido o Porto a sentir-lhe o pulso, a identificar problemas e procurar soluções..
A inspiração surgiu do Processo SAAL, o projecto arquitectónico e político criado poucos meses de pois do 25 de Abril, sobre o qual o arquitecto espanhol se debruçou no seu doutoramento.
"É possível recuperar um edifício na sua totalidade, mas não se pode compor uma telha porque os programas não têm esses parâmetros" -- exemplifica, a também arquitecta Mónica Loureiro.
Um problema da cidade
No Bonfim ... são 2.000 casas devolutas.
Fátima Castro guarda religiosamente o caderno preto onde escreveu à mão um longo texto explicativo. Registou o que pensa a sonhar com uma ida à televisão ... falar de uma vida...portuense numa cidade em mudança.
Soluções?
"Uma intervenção na base educativa"
* «E se o Porto inventasse um Obamacare em versão Habitar?» por Mariana Correia Pinto.
artigo publicado no jornal Público, 20 de abril de 2017, que fala de arquitectos e educadores sociais com afinidades pragmáticas, operacionais e ideológicas