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sábado, 29 de outubro de 2016

João Lobo Antunes

A morte do grande médico e escritor, grande português, digno dos maiores encómios, constitui uma enorme perda - disso estou convicto - para todos nós; considerava-o uma verdadeira referência nas áreas a que se dedicou e uma reserva da nação (refiro-me ao sentido mais rico e nobre do conceito, que inclui a absoluta defesa dos princípios e valores genuínos de uma sociedade mais culta, humana e tolerante).
Hoje, no jornal Público, escreveu o seu amigo
"(...) os seus ensaios constituem contributos de consulta obrigatória, pela lucidez, pertinência e virtuosidade dos conteúdos. É neles, de resto, que se manifesta em todo o seu fulgor, contido e elegante embora, o seu talento de escritor a quem o médico forneceu a limpidez e acutilância do olhar, sem perturbar o processo da criação. Médico escritor ou escritor médico – a destrinça foi ele que a estabeleceu – mas grande escritor, sem dúvida.Como ele próprio brilhantemente arguiu, um médico culto é um médico melhor – e ele foi um insaciável leitor e aprendiz. Nenhuma intervenção sua, e tantas foram, foi levada a cabo sem prévio e exaustivo estudo, mesmo que se tratasse de uma comunicação perante público reduzido e pouco exigente, ou de um regresso a um tema já por si abordado.
Médico cirurgião, professor universitário, ensaísta e escritor, elaborador de doutrina ética, cultor da beleza e da verdade, eis o retrato de um humanista e esse é o retrato que do João guardo. (...) *

*Professor do Instituto de Bioética da Universidade Católica do Porto

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

José Mouga


Hoje é um dia muito triste!

Perdi o meu amigo José Mouga

Verdadeiro Mestre da Pintura e da Palavra literária

Tanto que tinha para dar!

Jamais esquecerei a riqueza das suas palavras

que guardo no coração

Para sempre.

Sem ele, ficamos mais pobres.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sol vermelho

O sol, prestes a desaparecer no horizonte,  está vermelho.
Na minha infância ouvia contar histórias sobre esse fenómeno. Nessa altura divertia-me com o assunto. Mas hoje, estou preocupado, porque o fenómeno pode significar um dia de amanhã mais quente!
O flagelo dos incêndios continua a pairar sobre nós...
 

sábado, 16 de julho de 2016

2035

Hoje poderia falar de vários assuntos que me vão na mente, como por exemplo a vitória de Portugal contra a Polónia que nos atira para meia final do Euro 2016 ou o início dos Jardins Efémeros que vão até ao próximo dia 10, mas não, o que quero narrar:
Há dias assisti, no Viriato,  ao espectáculo "2035", concepção e direcção de Jorge Fraga.
"(...) construído a partir de um Processo de criação, tendo como referências as leituras de O Albergue Nocturno e Dos Últimos Dias da Humanidade e uma pesquisa sobre o ser e o sentir , a cidadania em situações de emergência, necessidade, revolta, sonho... - cito a introdução na folha de sala.

Vinte e sete actores subiram ao palco: todos, sem excepção, tiveram um excelente desempenho, dando corpo à ideia confessada de considerar o palco como corolário da nossa própria existência.

Poderia narrar as inúmeras histórias (o espectáculo dura cerca de duas horas), todas elas muito peculiares, mas, em vez disso, opto apenas por algumas impressões:
1. um espectáculo aberto à comunidade, bem idealizado e executado por artistas amadores: deveu-se ao Mestre Fraga que teve o mérito de transformar cidadãos comuns em verdadeiros artistas; personagens do quotidiano e uma trama muito bem urdida; actuações seguras que mantiveram a assistência num contínuo suspense até ao cair do pano.
2.  lições de vida: como ser tolerante, solidário, humilde, em contraste com o mundo actual que cultiva ganâncias e vaidades;
3. o amor, oh!, o amor, sempre presente, no mais pequeno gesto ou em cenas dramáticas, dignas de aparecer num palco de âmbito nacional.
4. o drama, a loucura (há mesmo uma personagem louca, vítima de violação), com destaque para  a forma de loucura com que lidamos no frenesim do quotidiano;
5. o humor: cenas cómicas, como aquela dos discursos de campanha para a eleição da Comissão de Sobrevivência, à mistura com a tragédia de quem luta no dia a dia pela libertação do cativeiro;
6. o realismo dalgumas cenas: em determinados momentos o público ficou de tal forma absorto que dava para ouvir o respirar do vizinho, como aconteceu, por exemplo, na cena do trágico auxílio ao suicídio, no grito de loucura até à morte perante a brutalidade da injustiça de incriminação dum inocente pela morte dalguém, etc.
7. um final extraordinário, coroado com uma chuva de aplausos e lágrimas à mistura!

sábado, 4 de junho de 2016

A casa do capitão

             "Esta casa foi legada pelo Capitão Almeida Moreira e reconstruída com o património da Fundação Calouste Gulbenkian em 28-4-1965" - reza a lápide no hall de entrada da Casa-museu Almeida Moreira.
Há um tempo, o edifício encerrou para obras de melhoramento. Na reabertura, os responsáveis acharam por bem abandonar a antiga designação da casa, para passar a chamá-la simplesmente Museu Almeida Moreira.
Contudo, para mim, continua a ser a casa do capitão: sempre que a visito, é o lar e os amigos do seu tempo que ali vejo. Imagino até o antigo dono, à entrada, a receber-me e a acompanhar-me nos corredores e salas a explicar o significado de cada peça exposta.

É ele - Francisco de Almeida Moreira (1873-1939) - uma das personalidades mais importantes da sua época -, que me surpreende, agora no século XXI, mostrando-me peças raras do acervo que ainda não eram do conhecimento público.
Até aqui, já estava habituado a vê-lo, sempre que passava pelo Jardim Tomás Ribeiro, onde está implantada a Glorieta - monumento dedicado ao escritor - uma iniciativa da Comissão de Turismo de então liderada pelo Capitão. Mas, agora, posso também visitá-lo na sua própria casa.
Convém que a cidade não esqueça o Capitão e a enorme importância que ele teve para a cidade e região![relembro que a ele se deve a fundação do Museu Grão Vasco, de que foi o primeiro director].
A autarquia municipal deu um passo importante que dignifica o nome do artista!