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domingo, 24 de junho de 2018

Perto do Céu

A avó acaba de dar entrada no lar.  Quis saber por que a tiraram de casa.
Respondi-lhe que estava desidratada! precisava de tratamento médico! e logo que estivesse melhor, regressaria a casa!
A resposta acalmou-a. Não sei se acreditou no que lhe disse. O seu olhar, fixo, deixou-nos em dúvida.
Foi então que pela primeira vez senti a dura realidade: ela não queria ir; nós não queríamos que ela fosse... mas a dura realidade obrigou-nos a tomar a difícil decisão.
E, agora, o ingresso está concretizado.
Julgo que foi dado o primeiro passo para a libertação: finalmente desagrilhoada, pode olhar para o céu azul... ali tão perto [curiosamente, o lar chama-se Perto do Céu].
Amanhã será um novo dia: o primeiro de uma imensa tristeza, mas, simultaneamente, de um raio de luz no fundo do túnel da Esperança.

3 comentários:

  1. O cativeiro terminou, é certo, mas pergunto-me agora se a libertação é plena.
    De facto, a avó continua a receber telefonemas que a intranquilizam. Conta a funcionária do lar que recebe montes de chamadas telefónicas, no mesmo dia , insistindo para falar com ela, mesmo que esteja a dormir...
    insistindo que a acordem para o efeito.
    - que tranquilidade, que sossego será esse!?

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  2. Num lar... é mesmo um cativeiro, a libertação é a outra dimensão.
    Um momento doloroso de transição para posteriormente passar a outra fase. Acredito que a morte é o fim da vida terrena, para outro tipo de vida ...

    Que a sua avó, quando for o momento dela, siga em Paz, em nome de Deus!

    Beijinhos

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  3. Que bom se ainda tens avó...a minha mãe seguiu esse caminho, após dois anos de viuvez e de vida connosco. Como te entendo.Todos os dias a visito, saúde muito frágil.
    Comento neste «post» antigo e, penso, que sabes o motivo: angústia.
    Beijinho amigo

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