A jornalista conduz o escritor[i]:
Há um momento em que o narrador [no romance A Ladra da Fruta] diz: “E agora não era eu que decidia era a história”. É o momento em que passa a ser a história a criar-se a si mesma.
É verdade e esse é o momento mais bonito e também um dos mais dolorosos, o momento em que a imaginação começa a criar. Não é mais um documentário e passa a ser uma narrativa ficcional. Quando essa transformação se dá no romance é maravilhoso.
Qual é a
sensação?
É uma coisa muito profunda, a criação de imagens além
do documento puro, além dos factos. São precisos factos também, mas o sentimento
é tão forte que os factos se transformam em ficção. Isso é literatura.
[i] Peter Handke, prémio Nobel da literatura 2019, em entrevista concedida ao ípsilon, sexta-feira 27Nov2020.
Na introdução à entrevista, Isabel Lucas referiu que os críticos de Handke consideraram um ultraje a atribuição do Nobel a alguém que criticou a intervenção da Nato na Guerra do Kosovo, que terá duvidado do massacre de Srebrenica em 1995, que apoiou o então dirigente sérvio Slobodan Milosevic na guerra civil da Jugoslávia. Milosevic seria acusado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, mas morreu em 2006, antes de ser julgado. Handke discursou no seu funeral.
Olá!
ResponderEliminar...De qualquer maneira,
boas razões para festejar o NOVO ANO....
Um bom ano para si!
Gostei muito deste pequeno texto. História e criador, factos e ficção, realidade e literatura... mundo dentro de mundos.
ResponderEliminarQue em 2021 a História possa escrever-se com realidades melhoradas!
Feliz Ano Novo, com tudo o que mais deseja e anseia!
Beijos!
Um prémio Nobel e uma edição de muita qualidade. Apreciei o «post».
ResponderEliminarBeijinho e muita saúde.